sexta-feira, 1 de agosto de 2025
O Santiago sempre adorou puzzles. Desde pequenino. Começámos por aqueles bem simples, ainda de bebé, em que tinha de juntar a imagem à palavra. Depois vieram os puzzles de 25 peças, 50, 100, 250...
O de 250 peças fez em... uma hora. Tinha cinco anos! Acho que levei eu mais tempo a escolher a caixa do puzzle do que ele a montá-lo!
No Natal seguinte, a nossa querida Lena decidiu elevar a fasquia (e testar a nossa sanidade mental): ofereceu-lhe um puzzle de 2000 peças!! Com animais, claro, que ele adora.
Lá montámos a borda toda com a ajuda do Santi. Foi giro... durante uns 40 minutos.
Depois... bom, digamos que o entusiasmo foi ficando a meio caminho entre os TPC, a escola e a falta de tempo. E o puzzle ficou abandonado.
A Lena, determinada, até pediu a um amigo para fazer uma placa com rebordos próprios para montarmos o puzzle com estilo.
Durante um ano e meio, o puzzle viajou mais que muitos de nós: debaixo de camas, pelo sótão, atrás de sofás... sempre incompleto, sempre à espera.
Até que há coisa de um ano, voltou à mesa da sala. De sábado em sábado, eu e a Lena lá íamos dando umas peças. Aquilo parecia um plano secreto de missão militar.
Quando às vezes surgia uma imagem, surgia o Santi, quando não havia desenhos animados, claro! Se tivesse macacos no desenho do puzzle, acho que ele o tinha feito de uma enfiada!
O pai também aparecia de vez em quando, qual Sherlock Holmes das peças perdidas. E a Baby C... ai a Baby C! A batoteira-mor. Tirava peças que já estavam colocadas e, com ar triunfante, dizia: “Consegui pôr uma! Encontrei!!!”... Sim, claro. Viu onde estava, tirou, voltou a pôr. Técnica infalível.
Entre risos, batotas e alguma teimosia, o puzzle lá foi avançando.
Até que, antes da Páscoa, faltavam umas 100 peças, deu-me um ataque de produtividade e quase o terminei sozinha. Quase. Deixei só algumas para acabarmos todos juntos com a nossa querida Lena e fingirmos que foi um esforço de equipa.
E foi. Antes da Páscoa deste ano, o puzzle foi finalmente... finito!!
Claro que voltou a andar às voltas pela casa — qual troféu sem pedestal — até que resolvi: isto vai ser emoldurado!
Eu própria tratei do assunto: medi, comprei uma moldura, pesquisei técnicas... Descobri que existe cola específica para puzzles. Não é cola branca, não senhor. É cola “de gente séria que faz puzzles grandes”.
Pincelei camadas generosas por cima do desenho, deixei secar, virei cuidadosamente, encaixei na moldura, fechei o passe-partout... e voilá!
Só falta uma coisa: decidir onde pendurá-lo.
Estamos em negociações. Já houve votos, discussões, e uma proposta para usar a moldura como tabuleiro de servir bolos, mas essa foi rejeitada! Brincadeirinha!
Mas uma coisa é certa: este puzzle vale mais pelas memórias do que pelas peças.
E talvez... talvez o próximo seja só de 500!
💓
quarta-feira, 30 de julho de 2025
Muitas vezes ouço: “Ai, quando eles eram pequenos não devia ser nada fácil!”
E sim, fácil não era. Dependiam de nós para tudo: banho, vestir, comer, vigiar constantemente para não treparem aos móveis ou aventurarem-se em montanhas-russas imaginárias. Com três crianças era um verdadeiro teste à nossa resistência física e emocional.
Mas difícil, difícil… é agora!
Com os gémeos com 11 anos e a mana com 9, os desafios ganharam outro nível: discutem com convicção, argumentam com razão (pelo menos acham eles 😅), provocam-se, fazem birras disfarçadas de debates e, volta e meia, acabam por engalfinhar-se.
Acham que já sabem tudo. São uns "mini-adultos" cheios de certezas.
E foi mais ou menos assim que tudo aconteceu com o nosso querido Santi...
A aventura (e queda) do maior
Estavam de férias com os avós. Uma tarde de verão, jogo de futebol no quintal com a irmã.
Até que a irmã — que não se ficou atrás — deu um valente pontapé na bola… e lá foi ela, a voar até ao terreno do lado.
O “maior”, cheio de confiança, decide escalar o muro para a ir buscar. Resultado?
Escorregou ao descer e rasgou o braço junto à axila numa rede metálica. 😬
O Avô quase teve um enfarte só de olhar. Já o Santi, tranquilo como sempre, nem percebeu logo o que se tinha passado. Só quando sentiu o braço molhado e disse casualmente ao avô “Avô, sinto isto aqui molhado…” é que veio o pânico!
Tinha um rasgão profundo, com sangue a escorrer... O Avô ficou em estado de choque.
Emergência à moda antiga (e com Waze à mistura)
A Avó correu para ir buscar água-oxigenada, limpou como pôde, colocou uma gaze improvisada e lá foram a correr para os bombeiros mais próximos.
Pelo caminho, o Avô — numa tentativa corajosa de ser “moderno” — decidiu usar o Waze aplicação que os netos lhe tinham instalado no telemóvel e que os mandou por caminhos duvidosos (e um tanto rurais demais!) 😅
Chegados aos bombeiros, viram logo que a ferida precisava de pontos no hospital. O pai, que ligou por acaso nessa altura, apanhou a história pela metade... até que a bombeira — santa mulher — disse-lhe: “Oh, não se preocupe, é uma merdinha de nada!”
(Que jeito que deu ouvir isso! É bom ter profissionais com vocabulário tranquilizador! 😂)
O desfecho (e os 7 pontos)
Eu? Ainda em casa, sem saber de nada! Só recebi a chamada quando já iam a caminho do hospital. O Avô não me queria dizer nada — segredo mal guardado com o neto ao lado que não se aguentou enquanto se descoseu!
Fiquei em pânico, claro. Mas ele e o Avô estavam super calmos, e garantiram que estava tudo controlado.
A sorte foi o pai ter, entretanto, chegado a casa e dito que já tinha falado com os bombeiros. Respirei fundo e que era "uma merdinha de nada!"😂😂😂😂
Por volta da 1h da manhã recebi a confirmação: já tinham saído do hospital e a "merdinha de nada", afinal significou 7 pontos no braço!
E claro um monte de histórias para contar!
O regresso a casa e a festa dos irmãos
No momento do acidente, acho que a irmã ao ver o sangue entrou em pânico. Gritava, chorava e dizia que a culpa tinha sido dela. Pelo que os avós contaram, foi preciso muito mimo para a acalmar.
Os irmãos ficaram à espera do herói ferido e, quando ele chegou, foi uma festa. O Santi, claro, contou tudo com todos os pormenores, incluindo o que os médicos lhe disseram e como foi levar a anestesia.
(E eu a pensar que quando parti a cabeça em pequena fui cozida a sangue frio! Ainda bem que evoluímos! 😅)
Ainda estiveram acordados até às 2 e tal da manhã em plena cavaqueira, os irmãos muito mais aliviados, porque acabou por tudo correr bem.
No fim, ficou a história (e a cicatriz)
Esteve 10 dias de choco em casa, sem praia até tirar os pontos, mas cheio de orgulho por ter sido valente.
E eu? Com o coração mais leve, mas com mais uma ruga de mãe. Porque crescer é mesmo isto: eles ganham liberdade… e nós ganhamos cabelos brancos!
💙
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A "merdinha de nada", um dia antes de tirar os pontos! :) |
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