Sobre nós

segunda-feira, 25 de agosto de 2025


Escondida entre as serras do concelho da Pampilhosa da Serra, está uma pequena aldeia que teima em resistir ao tempo, a minha aldeia do coração.

Cada vez com menos gente, cada vez mais silenciosa… Este ano, essa ausência foi notória e fez-se sentir ainda mais. Faltavam rostos, faltavam vozes, faltava aquela agitação que, noutros tempos, transformava as ruas numa espécie de carnaval serrano. E confesso que fiquei com o coração apertado e uma tristeza enorme...😔


Vêm-me à memória lembranças de quando era criança e a aldeia fervilhava de vida no mês de agosto. Carros para cima e para baixo, gargalhadas que ecoavam dia e noite dentro de gente que já partiu, mas que continua viva nas memórias de quem cá ficou.

Nos dias que antecediam a festa anual, havia sempre aqueles que vinham chamar a minha avó para fazer a filhó espichada — tinha uma técnica que ninguém conseguia igualar! Fazia as melhores filhoses da aldeia! Sempre adorei filhoses e os Três também gostam! Ainda bem que  a minha mãe lhe apanhou a técnica e conseguiu até superar as da minha avó!

Por tanto gostar, a minha avó chegou mesmo a comprar uma fritadeira gigante para fazer a maior filhó espichada de sempre… acho que devia ter ficado registado no Guinness! 😅

E a água da casa dos meus avós? Um furo mágico com água fresquinha, onde muitos com os cântaros vinham buscar sem pedir licença. Era mesmo assim! Confesso que, muitas vezes, assustava-me com alguém a entrar inesperadamente, mas isso fazia parte do charme do sítio!

O meu avô, que durante anos foi presidente da junta de freguesia, era dos poucos que tinha telefone em casa. Adorava quando interrompiam o almoço ou o jantar para uma chamada urgente — nada como misturar a chanfana típica da zona com uma conversa particular ou assuntos da freguesia!

Ah, a chanfana! Também dias antes da festa, o meu pai e o meu avô iam comprar a cabra. Gostava de ir com eles só para dar um passeio pelas serras. Isto quando os meus avós já não tinham criação, porque quando tinham era o próprio do meu avô que preparava a cabra. Por estes dias, o forno a lenha dos meus avós estava sempre a trabalhar, assando caçarolas de chanfanas que iam parar a muitas mesas da aldeia. Cheirinho que nos deixava salivar durante horas!

Quando eu era pequena, o dia da festa era um frenesim. A minha mãe comprava-me sempre um vestido novo — todos se vestiam a rigor, como se fossem para uma cerimónia real! Eu gostava do vestido, mas exibi-lo na procissão era… digamos, um castigo! E os foguetes que estalavam no céu e eu ficava aterrorizada! Odiava acordar com aquele barulho que anunciava às aldeias vizinhas que a nossa terra estava em festa.

De manhã cedo, as cornetas tocavam e, pouco depois chegava a filarmónica que percorria a aldeia de casa em casa a recolher ajuda para a festa. Durante o almoço, os músicos eram convidados a sentarem-se à mesma mesa das famílias, em casas pequeninas, partilhando a chanfana da aldeia e umas boas gargalhadas, num ambiente acolhedor.

À tarde, a missa e a procissão em honra de Nossa Senhora das Neves, a nossa padroeira, era um momento grandioso. Três andores percorriam a aldeia, acompanhados por centenas de pessoas com promessas a cumprir. Um momento de fé e devoção mas também de encontros e reencontros.

Já à noite, durante anos, o mesmo duo musical animava a aldeia. Deixaram o legado em descendentes da aldeia que já tinham o gosto musical das concertinas, incutido pelos seus avós.
Outros, também tomaram o gosto pela concertina e hoje é graças a eles que por vezes ainda ecoa pelas ruas o som de uma concertina que alegra a aldeia.

E a tradição da alvorada? Os mais resistentes da noite iam de casa em casa despertar quem ainda dormia. Dizem que, em tempos, até se entrava pelos telhados. Imaginem o susto de acordar com alguém a espreitar do teto! 😂

Anos atrás, poucos, tentou-se recuperar a tradição, quando ainda fazia sentido para muitos vir à festa da aldeia, passar por esta altura uma temporada de férias!


Mas a vida corre e tudo muda. Fomos perdendo pessoas da maneira mais triste, aquela que é para sempre... Ficamos tristes, com mágoas grandes, feridas abertas...

Hoje somos um pequeno grupo de pessoas que se veem pela altura da Páscoa, e pela altura da festa anual, a qual vamos tentando manter com muito esforço... Somos quase sempre os mesmos...

Este ano foi sem dúvida visível os que nutrem amor pelas raízes e que honram as pessoas que perdemos, simplesmente estando presentes, apesar da dor.

Temos sido poucos, é verdade. A aldeia foi-se esvaziando, ficando cada vez mais dependente dos regressos sazonais.

Este ano fomos poucos, sim. Mas fizemos a festa. Porque a festa é mais do que música e foguetes. É a ligação à padroeira, é a partilha entre vizinhos e família, é a celebração da própria aldeia, é o convívio.

E enquanto houver quem acenda uma vela, quem traga um andor, quem toque uma concertina, quem vista o melhor traje para honrar a tradição, a aldeia continuará a ter vida. Pouca, talvez, mas genuína.

E no fim chego à conclusão que até de ouvir os foguetes, sinto falta!


💗














quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Olá e Bom Ano Novo para todos vós!
Ainda não tinha tido oportunidade de vir a este meu cantinho e desejar-vos um bom ano... Acho que ainda vou a tempo, uma vez que o mês de janeiro não chegou ao fim! 😅

Sei que passei estes três meses um pouco ausente e isso teve uma justificação. Foi um período de adaptação com esta mudança de 180 graus na minha vida e que se deveu à minha mudança de emprego.
Como já referi não foi fácil, mas acho que agora as coisas começam a entrar nos eixos. E nesse sentido prometo este ano estar mais presente neste meu cantinho virtual.

Tenho tanta coisa para vos contar. Fizemos, nestes meses, algumas coisas engraçadas, que faço intenção de vos relatar! E prometo ao longo deste mês por-vos a par de tudo... Apesar de já ter começado mal... Mas isso também tem uma justificação plausível de que falarei no próximo post!

Para já aproveito para vos desejar um ano melhor do que foi 2018!




quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Já passaram dois meses desde que iniciei uma nova vida laboral à qual me tenho dedicado para tentar apanhar o fio à meada!
Por isso, tenho deixado um pouco para trás este meu quarto filho (como diz uma amiga minha), o blog! 😎

Se está a ser fácil? Não, não está!
Eu explico: foi uma mudança radical! Uma mudança de tudo, de local, de pessoas, e de funções! Funções essas que são completamente diferentes daquelas que desempenhei ao longo de quase 15 anos (vá 14, para ser mais precisa). E que em pouco ou nada se enquadram na minha área de formação que é a comunicação.  Sou agora uma técnica cujas funções são uma mistura de gestão administrativa de bens com direito!

Ou seja, tenho tentado adaptar-se a isto tudo, intensamente. Um organismo diferente, regras diferentes, meios diferentes, funções diferentes, pessoas diferentes, para quem eu sou uma completa desconhecida!

E quanto às pessoas tive a sorte de encontrar uma cara conhecida. Não fazia ideia de que trabalhava ali e, se querem saber para mim que tenho uma certa tendência para ser anti-social (irónico não é, sendo eu de comunicação), não imaginam a felicidade que é encontrar alguém que já conhecíamos naquele meio que é totalmente novo! Facilita imenso a integração!

Ando mais cansada, e se me sento ou deito cinco minutos no sofá acabo por adormecer, mais rápido que os Três! Daí estar à quase dois meses sem dar notícias no blog.

A par disto tudo, há toda uma vida familiar para gerir!

Mas neste novo mundo, mais citadino do que aquele a que estava habituada, sinto-me uma miúda! Passei a ser novamente a caçula do serviço! O que tem uma certa piada, ao fim de quase 15 anos e com 37 anos de idade voltar a ser chamada de caçula! 😁

E nos elevadores (o edifício tem seis elevadores e ainda não percebi se tem dezassete ou dezoito andares) faço com cada figura! Não é que tenha medo, mas cada vez que o elevador pára vou toda afoita a pensar que já cheguei ao meu piso e muitas vezes saio e volto a entrar rapidamente! 😂😂😂
Ou então esqueço-me de carregar no número do piso e fico minutos dentro do elevador sozinha à espera que ele ande! Depois chega outra pessoa e carrega no botão! Farto-me de rir de mim própria, para dentro, claro, para disfarçar!

Mas não pensem que sou só eu a fazer estas figuras! Há mais! 😂😂😂

Como disse não está a ser fácil, mas no entanto precisava disto como quem precisa de ar para respirar e a verdade é que apesar de estar mais cansada, sinto-me muito mais leve!

As mudanças fazem sempre bem e às vezes é preciso arriscar!



terça-feira, 16 de outubro de 2018


Há momentos na vida em que sentimos necessidade de dizer basta! Eu preciso de mais! Eu preciso de mudar! Ao fim de quase 15 anos, senti que estava na altura de mudar de emprego.

Não que não gostasse do que fazia, porque até gostava e muito. Mas senti uma necessidade enorme de procurar algo diferente. Tinha um emprego onde estava demasiado confortável, na minha área de formação e onde fazia aquilo que gostava. Arrisco-me a dizer que se fosse preciso até era capaz de fazer as coisas de olhos fechados de tão segura que estava!

No entanto, sentia que já não havia mais nada novo para aprender ali, e que não iria evoluir mais. Não tinha mais nada a dar àquela entidade que me pagava o salário, e aquela entidade também não tinha mais nada de novo para me oferecer.

Aquela entidade que merece todo o meu respeito, onde cresci como pessoa e como profissional, onde conheci muitas pessoas, muitas das quais com quem fiz grandes amizades. Se me custou? Custou e muito! Mas tinha que ser e faz parte do querer abrir horizontes. E eu que nunca tive de mudar de emprego, precisava de abrir horizontes. Conhecer outro ambiente de trabalho, outras pessoas!

No fundo precisava de começar de zero!

Coloquei pés ao caminho e procurei. Actualizei o meu currículo e voltei a candidatar-me a ofertas de emprego!

Descobri pessoas fantásticas, lugares extraordinários, e inclusive deixei algumas portas abertas para o futuro, quem sabe! De quase todas as entrevistas a que fui trouxe bons conselhos!

E descobri, e não é para me gabar, que até tenho bastante valor enquanto técnica da área da comunicação.

É claro que uma mudança nunca é fácil. Mas tudo se aprende e com boa vontade e algum esforço lá chegarei ao ponto de estar demasiado confortável neste novo trabalho que tenha de voltar a mudar! 😄

E para tomar este passo, sim foi preciso coragem!






O meu upgrade de panorâmicas no local de trabalho!

Instagram

Três, a conta que Deus fez | Designed by Oddthemes | Distributed by Gooyaabi